sou assim


Talvez você nunca venha a saber que sou assim...
Simplesmente assim...
E me dói essa possibilidade do nunca
De não poder me revelar, de me despir...
Das palavras que me revestem
Dos sentimentos que me preenchem
Das imagens que projeto...
Esvaziar-me!

Não sei de onde vem esse receio de sair de mim
Esse medo de que se o fizesse iriam saber mais de mim do que eu
Tornando-me uma estranha habitante de um mundo conhecido

Essa resistência em usar certas palavras, frases...
Sempre me policiando no que digo, escrevo...
Dou-me muito bem com todos sem mostrar-me
Não sei como seria se me vissem

Talvez nem eu consiga enxergar-me...
Por isso não me dou a conhecer...
Nesse “streap tease” de mim
Não sei o que tenho por baixo


ResISTO!
InsISTO!
ExISTO!

...

2 comentários:

Anônimo 30 novembro, 2006 12:15  

QUERIDA AMIGA, MESMO TENTANDO NÃO SE MOSTRAR, É VISIVEL CERTAS COISAS EM TI, POR ISSO CHAMEI BANDEIRA PRA ME AJUDAR A DIZER

O que eu adoro em ti,
Não é tua beleza.
A beleza, é em nós que ela existe.
A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.
O que eu adoro em ti
Não é tua inteligência.
Não é teu espirito sutil,
Tão ágil, tão luminoso,
-Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.
O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento,
Graça aérea como o teu próprio pensamento,
Graça que perturba e que satisfaz.
O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi,
Não é a irmã que já perdi,
E meu pai.
O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida.
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti - lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.

(Manoel Bandeira)

ÉS ESPECIAL!
BJS

Anônimo 15 dezembro, 2006 21:47  

Cláudia, muito lindo seu poema.....muito lindo.....como você!

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aos (im)possíveis leitores

"Quem és tu que me lês? És o meu segredo ou sou eu o teu?"
Clarice Lispector

sobre mim...

“Sempre tive a sensação de mal-estar no mundo, uma sensação de não caber no meu espaço, um desconforto diante de meus pares – eu me pergunto: tenho pares? Eu sabia que em mim há uma mulher que tento esconder ferozmente. Tenho medo que as pessoas identifiquem meus excessos, essa quantidade absurda de pernas e braços que camuflo sob a roupa que visto. O que diriam se soubessem das muitas que vivem em mim e tentam bravamente, numa luta corporal, projetar-se do meu corpo? Tomar-me-iam por uma aberração?”

Clarice Lispector