Sai-me dos dedos a carícia sem causa,Sai-me dos dedos... No vento, ao passar,A carícia que vaga sem destino nem fim,A carícia perdida, quem a recolherá?
Posso amar esta noite com piedade infinita,Posso amar ao primeiro que conseguir chegar.Ninguém chega. Estão sós os floridos caminhos.A carícia perdida, andará... andará...
Se nos olhos te beijarem esta noite, viajante,Se estremece os ramos um doce suspirar,Se te aperta os dedos uma mão pequenaQue te toma e te deixa, que te engana e se vai.
Se não vês essa mão, nem essa boca que beija,Se é o ar quem tece a ilusão de beijar,Ah, viajante, que tens como o céu os olhos,No vento fundida, me reconhecerás?
A carícia perdida - Alfonsina Storni
Alfonsina Storni (1892-1938): Seus primeiros livros de poemas foram La inquietud del Rosal, El dulce daño e Irremediablemente. Entre outros livros, destacam-se entre suas obras Ocre), El Mundo de Siete Pozos e Mascarilla y trébol. Nascida no estrangeiro, viveu desde criança na Argentina, onde morreu lançando-se ao mar.
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