27 de maio
Postado por
Cláudia Paula
29/08/2010
Juro, meu amigo, que, ao me sentir agitado, todo o tumulto se abranda quando vejo uma criatura assim, que percorre, numa feliz tranqüilidade, a sua limitada existência, e vai se arranjando dia após dia, vendo cair as folhas, sem que isso lhe diga coisa alguma, a não ser que o inverno está chegando.
Não me censure se confesso que, à lembrança dessa inocência e dessa candura, queima-me um secreto ardor; a imagem dessa fidelidade e dessa ternura me persegue por toda parte; e eu, ardendo, por assim dizer, nesse mesmo fogo, sinto-me carente e consumido.
Farei o possível para vê-la o quanto antes; ou, pensando bem melhor, devo evitá-la. É preferível vê-la através dos olhos de seu apaixonado: talvez os meus não a vejam tal como ela agora se apresenta em minha mente. Por que, então, macular tão bela imagem?
OS SOFRIMENTOS DO JOVEM WERTHER
Johann Wolfgang von Goethe
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