Lágrimas Ocultas...




Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida…

E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago…
Tomo a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim…

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!


Lágrimas Ocultas - Florbela Espanca 

3 comentários:

Ricardo Cardozo 13 setembro, 2006 20:52  

gostei imenso desta sua página, especialmente pela candura das imagens.

Anônimo 16 setembro, 2006 07:43  

Cláudia, poucas pessoas eu conheci aqui no orkut com a sua densidade, com a sua expressividade.

Fiquei extasiado visitando Eflúvios e te conhecendo, quase na intimidade!

Sensibilidade, sensatez, encanto!

Vc é uma pessoa ainda mais linda do que as suas fotos apresentam!Muito mais....

Ás vezes fiquei parado fazendo uma reflexão sobre aquela imersão que estava fazendo ao seu interior. E fiquei inebriado com a pessoa que estava conhecendo....

Valeu a pena ter te conhecido e tenho certeza de que continuará valendo!

Gostaria de sugerir que vc publicasse alguns poemas e reflexões lá na nossa comunidade!

Me sinto feliz por tê-la conhecido, me sinto gratificado!

Com todo afeto,

Rogério Cardoso

anise 16 setembro, 2006 10:01  

anise...
oi adorei a sua página, ela é magnifica

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aos (im)possíveis leitores

"Quem és tu que me lês? És o meu segredo ou sou eu o teu?"
Clarice Lispector

sobre mim...

“Sempre tive a sensação de mal-estar no mundo, uma sensação de não caber no meu espaço, um desconforto diante de meus pares – eu me pergunto: tenho pares? Eu sabia que em mim há uma mulher que tento esconder ferozmente. Tenho medo que as pessoas identifiquem meus excessos, essa quantidade absurda de pernas e braços que camuflo sob a roupa que visto. O que diriam se soubessem das muitas que vivem em mim e tentam bravamente, numa luta corporal, projetar-se do meu corpo? Tomar-me-iam por uma aberração?”

Clarice Lispector