A casa do lago...




Sobre o filme A casa do lago

Certo estava Cazuza ao dizer que o tempo não pára! E no descompasso do tempo, onde cada um de nós existe, acontecem encontros, que se transformam em desencontros por esse tempo não ser o mesmo e não parar para podermos nos ajustar... para podermos perceber as possibilidades que tivemos, as pessoas que passaram por nós e que deixamos ir, sem ao menos notá-las verdadeiramente, sem vislumbrar ao menos o que poderia ter sido, se tivéssemos parado um pouco e esperado, não desistido. Ahhh o tempo! O tempo é um caminho a ser percorrido pelo existir, pelo ser, para que existamos, para sermos nele! Caso contrário, esse caminho não percorrido, fica cheio de folhas mortas das oportunidades que deixamos cair, sem agarrá-las, sem vivê-las, deixando de existir...
No filme é possível voltar no caminho do tempo e agarrar a folha que quase cai, aquela que mudará nossa vida, que a tornará mais bela, a que dará um sentido maior ao viver.
Um pouco complicado no início, por termos essa resistência em admitir que tudo pode ser diferente, inclusive a afirmação de que “o tempo não pára”... é preciso entrar no mundo dos sonhos, do possível, é preciso voltar a escrever cartas, voltar a fazer o que deixamos, por não “ter tempo”... é preciso parar um pouco e esperar até a folha cair, no seu tempo, para segurá-la, para vivê-la, para sê-la...
Um belo filme pra quem se permite sonhar, ultrapassando os limites do “tempo”, da “distância” que insiste em nos separar do que poderia contribuir muito para nossa felicidade! Nos mostra a importância de sermos transparentes, como a casa do lago, e assim, vermos mais também, até mesmo aquilo que está diante de nossos olhos...
Assistindo-o, é provável que cheguem à conclusão de que já possuem a “Casa do lago”, e de que falta somente restaurá-la e habitá-la no tempo que lhes restam...



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aos (im)possíveis leitores

"Quem és tu que me lês? És o meu segredo ou sou eu o teu?"
Clarice Lispector

sobre mim...

“Sempre tive a sensação de mal-estar no mundo, uma sensação de não caber no meu espaço, um desconforto diante de meus pares – eu me pergunto: tenho pares? Eu sabia que em mim há uma mulher que tento esconder ferozmente. Tenho medo que as pessoas identifiquem meus excessos, essa quantidade absurda de pernas e braços que camuflo sob a roupa que visto. O que diriam se soubessem das muitas que vivem em mim e tentam bravamente, numa luta corporal, projetar-se do meu corpo? Tomar-me-iam por uma aberração?”

Clarice Lispector