Contemplo o lago mudoQue uma brisa estremece.Não sei se penso em tudoOu se tudo me esquece.
O lago nada me diz,Não sinto a brisa mexê-loNão sei se sou felizNem se desejo sê-lo.
Trêmulos vincos risonhosNa água adormecida.Por que fiz eu dos sonhosA minha única vida?
Fernando Pessoa
Contemplo o lago mudo...
Postado por
Cláudia Paula
20/09/2006
3 comentários:
Quando a solidão nos pega desprevenidos e, chegando sem mais avisos, se instala, começando a abrir e remexer baús antigos, descobrindo fantasmas esquecidos e espanando a poeira das amarguras, transportamos-nos para fora de nosso corpo e, entre devaneios e dúvidas, refletimos sobre a vida.
Ah!...A vida!...quantas vezes nossas queixas beiram o insuportável, quantos problemas nos parecem insolúveis e as esperanças (ah! as esperanças!) como se assemelham a pálidas chamas de velas em final de pavio.
Nesses instantes, questionamos sobre tantos porquês de nossa existência, sobre tantos porquês....
Mas, quando a incômoda visitante vai-se embora, recompomo-nos das desilusões e mágoas e, um sorriso de paz volta a abrir nossos lábios cerrados!
Retomamos o cotidiano largado e, num suspiro de alívio, voltamos a viver, com a certeza de que vale a pena estar vivo!
Rogério Cardoso
Houve um tempo em que a minha janela se abria sobre uma cidade que parecia feita de giz. Perto da janela havia um pequeno jardim seco. Era uma época de estiagem, de terra esfarelada, e o jardim parecia morto. Mas todas as manhãs vinha um pobre homem com um balde e em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas. Não era uma regra: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse. E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas e
outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
(Cecília Meireles)
Muito bom o seu blog! Voltarei com mais vagar para apreciar as lindas poesias e textos (seus e outros). Obrigado pelo prazer de poder desfrutar de tudo. O amigo sempre ao seu dispor Pablito
Postar um comentário