Eu...


Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou

Florbela Espanca


Eu, às vezes, me sinto como a autora do poema, perdida, imcompreendida, imperceptível, precisando ser "achada". Mas penso que se sentir assim, de vez em quando, deve ser normal e até bom para depois valorizarmos mais os momentos que nos sentimos felizes!

(em 18/06/05)

Obs: parte de e-mail enviado à grande amiga Telma. Obrigada amiga pela paciência e atenção ao ouvir meus desabafos e por ter retribuido com palavras tão lindas, cheias de significados! Saiba que guardo até hoje!!!
 

1 comentários:

Anônimo 06 abril, 2006 11:28  

...me tirou de mim, estou imensamente feliz, muitíssimo obrigada pela lembrança, carinho e atenção. Estarei sempre pronta a lhe atender, se ou quando precisar... já sabe!!!
Você é infinitamente especial!!!
TELMA

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aos (im)possíveis leitores

"Quem és tu que me lês? És o meu segredo ou sou eu o teu?"
Clarice Lispector

sobre mim...

“Sempre tive a sensação de mal-estar no mundo, uma sensação de não caber no meu espaço, um desconforto diante de meus pares – eu me pergunto: tenho pares? Eu sabia que em mim há uma mulher que tento esconder ferozmente. Tenho medo que as pessoas identifiquem meus excessos, essa quantidade absurda de pernas e braços que camuflo sob a roupa que visto. O que diriam se soubessem das muitas que vivem em mim e tentam bravamente, numa luta corporal, projetar-se do meu corpo? Tomar-me-iam por uma aberração?”

Clarice Lispector