Esperar novamente que amanheça...


Esperar novamente que amanheça
e começar a lida novamente,
sentir nos lábios um tremor descrente
e idéias revoltadas na cabeça...


Ter a vida já côncava e avessa,
nos membros um cansaço irreverente
e ter anseios de seguir em frente,
sem medo de que a nave lhe pereça...


Estar ausente de quem muito se ama,
levar no coração acesa chama
que abrase o corpo todo de calor


e lance irradiações ao semelhante,
é uma coragem de valor tocante
que não compreende quem não sente amor...!


Soneto da Vida - Menestrel sem Juizo

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aos (im)possíveis leitores

"Quem és tu que me lês? És o meu segredo ou sou eu o teu?"
Clarice Lispector

sobre mim...

“Sempre tive a sensação de mal-estar no mundo, uma sensação de não caber no meu espaço, um desconforto diante de meus pares – eu me pergunto: tenho pares? Eu sabia que em mim há uma mulher que tento esconder ferozmente. Tenho medo que as pessoas identifiquem meus excessos, essa quantidade absurda de pernas e braços que camuflo sob a roupa que visto. O que diriam se soubessem das muitas que vivem em mim e tentam bravamente, numa luta corporal, projetar-se do meu corpo? Tomar-me-iam por uma aberração?”

Clarice Lispector