Até sempre....

De repente nada mais consigo escrever, meu amor.
Há um profundo vazio que se recusa a ser preenchido
Por sonhos que nunca se tornarão realidade, ai de mim!
É bom entrelaçarmo-nos em doces devaneios suspirados,
Em palavras lindas e em sentimentos de profunda devoção.
Mas destrói-nos a alma realizarmos por instantes,
Que o sofrimento motivado pela privação permanente
Não passará nunca, por muito que façamos de conta.
Não vejo perspectivas de poder ser tua e, por consequência, de tu seres meu.
Deixemos repousar as coisas do coração por aqui, antes que nos aniquilem.
Porque as da amizade essas, para mim, serão eternas!
Intimo-te a que não me faltes em momento de aflição, se puderes!
Que eu tenha a coragem de fazer o que tem de ser feito e tu também o sabes.
És aquilo que de mais belo me aconteceu e resides já no meu peito num canto único.
Agora, retém as lágrimas.
Deixo-te o meu sorriso como símbolo do que foi o nosso tempo!
Que te acompanhe sempre um beijo que principia aqui...

Até sempre!

Maria Branco

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aos (im)possíveis leitores

"Quem és tu que me lês? És o meu segredo ou sou eu o teu?"
Clarice Lispector

sobre mim...

“Sempre tive a sensação de mal-estar no mundo, uma sensação de não caber no meu espaço, um desconforto diante de meus pares – eu me pergunto: tenho pares? Eu sabia que em mim há uma mulher que tento esconder ferozmente. Tenho medo que as pessoas identifiquem meus excessos, essa quantidade absurda de pernas e braços que camuflo sob a roupa que visto. O que diriam se soubessem das muitas que vivem em mim e tentam bravamente, numa luta corporal, projetar-se do meu corpo? Tomar-me-iam por uma aberração?”

Clarice Lispector